domingo, 22 de março de 2009

Ponto de Encontro

Bar Estadão: local para matar (a fome). Assista.



Encher a barriga, descansar e pegar informação.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Serra Madrugador

Hoje nada de pauta policial. Hoje quem resolveu madrugar foi o governador José Serra.

Duas da manhã saio da redação sob forte chuva em direção à estação Brás da CPTM na região centro-leste da capital. Não estava querendo ir para casa mais cedo, é que o governador José Serra (PMDB) resolveu ir do Brás até Guaianazes de trem para promover a Tarifa do Madrugador, um desconto de apenas R$0,20 para os usuários que utilizam o bilhete único comum no metrô das 4h40 às 6h e os trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) das 4h às 5h20. Ou seja, de R$2,55 a tarifa passou para R$2,35 nesses intervalos.

Estava marcado para o Serra chegar ao Brás às 2h45, mas só foi aparecer depois das 3hs. Foi ao antigo Centro de Controle Operacional. Ficou poucos minutos. Depois seguiu para o novo CCO, composto por seis monitores de LCD, de 42’, que observam as 1.578 câmeras espalhadas nas 89 estações ferroviárias metropolitanas.

Depois de olhar tudo com “atenção”, o nosso governador pegou o trem – sempre sem olhar para a face dos vários jornalistas – e seguimos no mesmo vagão do Expresso Leste até tum...tum...Estação Terminal Guainazes, no extremo leste da capital paulista.

Depois de 23 minutos de viagem, já em Guaianazes, ele faz a cena clássica de colocar o bilhete único na catraca, onde descontou seus R$2,35 e aí então seguiu para a coletiva de imprensa. Aí começa a briga pelos melhores lugares. Consegui ficar até que em uma boa posição, nas costas do Serra.



O homem fica sobre um pequeno mezanino forrado com carpete cinza em frente a um tapume com o logotipo do governo do estado de São Paulo.

O governador começa o discurso pronto:

Governador José Serra: Bom, estamos inaugurando nessa madrugada a Tarifa do Madrugador no metrô e na CPTM. Vou repetir... (isso tudo de novo) ... das 4h40 da manhã até as 6h nas linhas do metrô o bilhete vai ser R$0,20 mais barato. Na CPTM, também R$0,20 mais barato das 4h às 5h40 (engasga)... 5h20. Portanto estamos dando uma cobertura para as pessoas que viajam mais cedo. Será um total de cerca de 250 mil pessoas beneficiadas, mas devemos ampliar. Esperamos que haverá, inclusive, uma ampliação nesse horário.

Assessora de imprensa (na coletiva): E a central de monitoramento?

Governador José Serra: E inauguramos também uma central de monitoramento, super moderna, com vista da segurança ferroviária até contra a violência... valeu a madrugada.

(...)

Repórter BR: Isso não é um modo para tentar desviar a atenção do usuário sobre o reajuste da tarifa unitária no mês passado (de R$2,40 para R$2,55).

Governador José Serra: Francamente, não tem nada a ver, francamente. (em tom de desprezo).

Repórter A: Quanto deixa de entrar com essa redução na tarifa?

Governador José Serra: Nós temos 250 mil pessoas, você faz as contas.

Repórter A: A ideia é trazer mais usuários?

Governador José Serra: Não é por isso. A gente está dando um suporte para quem trabalha mais cedo e que normalmente são as pessoas mais carentes.

Repórter CN: Essa tarifa é válida só de segunda à sexta-feira?

Governador José Serra: Isso. De segunda à sexta-feira. Sábado e domingo tem a tarifa de lazer... como é que chama mesmo?

Assessoras de imprensa: Bilhete BLA (Bilhete Lazer)

Governador José Serra: Bilhete BLA, que é o de lazer.

Repórter J: Isso só vale para o bilhete único comum, mas muitos trabalhadores utilizam vale transporte?

Governador José Serra: Mas aí é a empresa que paga, não o trabalhador.

Repórter BR: Mas o trabalhador que compra seu bilhete... (interrompido)

Governador José Serra: Alguma pergunta?

Assessoras de imprensa: Valeu, obrigada.

Encerra a coletiva.

Na ponta do lápis: Ao fim de um mês, com 20 dias úteis, o usuário economizará incríveis R$4,00. Com isso ele poderá comprar dois hot dogs, ou dois litros de leite, ou uma lata de 350g de leite condensado, ou 500g de Acém, ou 500g de bucho fatiado, ou duas latas de Coca-Cola etc. O governador José Serra volta para o Palácio dos Bandeirantes em seu carro de luxo. Nós, de trem até o Brás com os verdadeiros madrugadores.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Mais um do PCC vai (ou volta) para a cadeia

Bandido é preso após perseguição por uma das avenidas mais movimentadas da zona leste de São Paulo. Ele tem pelo menos 16 passagens pela polícia e 16 nomes na polícia.



Fim da tarde de terça-feira (03/03). A viatura onde está o cabo Rogério Brentan, da Força Tática do 51º Batalhão, segue normalmente pela Avenida Radial Leste em mais uma tarde quente aqui na capital paulista. De repente, às 17h30, avistam um Honda Fit preto em alta velocidade trocando de faixa a todo o momento na pista sentido centro, próximo ao viaduto Engenheiro Alberto Badra, mais conhecido como Pontilhão Aricanduva. Não sabia em qual das cinco faixas de rolamento ficar. O importante é sair dos lerdos (a 70km/h) que estão a sua frente.

Naquele momento o trânsito está mais carregado em direção ao bairro, por causa do fim do expediente dos vários moradores da zona leste que passam a metade do dia trabalhando no centro ou nas outras regiões da capital. Já em direção ao centro o tráfego segue apenas intenso, mas com muitos carros na pista.

Diante daquela cena, “girofles” e sirene são ligados. Começa a perseguição pela Radial sentido Parque Dom Pedro. O carro do bandido acelera mais ainda, a viatura também. Por imperícia do perseguido, o veículo bate na lateral de um carro, depois em outro. Quatro quilômetros adiante, o criminoso não consegue controlar o Honda Fit e bate na traseira de um ônibus do Consórcio Plus, que saiu do Jardim São Paulo e tinha como destino o Terminal Parque Dom Pedro II. O air bag frontal do veículo é acionado em menos de 25 milésimos de um segundo depois da colisão, ou seja, cinco vezes mais rápido que um piscar de olho. O interior do veículo fica esfumaçado. A frente irreconhecível. Os policiais descem da viatura correndo e constatam que o criminoso está ferido no joelho direito e na cabeça.

Ele é socorrido e levado às pressas para o Pronto-Socorro do Tatuapé. Lá recebeu curativos e levado, desta vez, para o 8º DP do Brás / Belém, que fica na rua Sapucaia.

Eu estava indo para a seccional de São Bernardo do Campo para apurar a prisão de um possível líder do PCC (Primeiro Comando da Capital) na região do bairro D.E.R quando recebo a notícia que pegaram um cara no Belém pertencente à mesma facção. “Esse daqui está confirmado, tem até uma tatuagem.”, diz um repórter. Dou meia volta e o destino agora é o bairro da zona leste.

Fui um dos últimos a chegar ao DP. Ainda consegui gravar com o cabo Rogério Brentan que já estava saindo da delegacia.

Com a palavra, o cabo.

Cabo Rogério Brentan: “Depois que fomos verificar notamos que ele faz parte do PCC porque tem o número 15-3-3 tatuado no braço direito (cada número corresponde a uma letra: 15 (P); 3 (C); 3 (C) ). Ele confessou para nós que faz parte da facção. Ele foi colocado em liberdade no dia 05 de janeiro. No dia 26 de fevereiro ele praticou o roubo desse veículo de um estacionamento na Aclimação, na região central de São Paulo...

* No momento do roubo, na quinta-feira, 26/02, o bandido e mais um comparsa invadiram o estacionamento armados e renderam o vigia. O criminoso em questão ficou com a responsabilidade de não deixar o funcionário escapar. O outro foi direto ao Honda Fit preto placa DPX 7325. A dupla fugiu no carro. Na delegacia, o vigia reconheceu o bandido.

Vocês perceberam que até agora não citei o nome do assaltante, então lá vai...

Cabo Rogério Brentan: ... outra coisa que chamou a atenção é que ele estava com um alvará de soltura e nele há 16 nomes diferentes. A delegacia está com certa dificuldade para verificar quem na verdade é esse cidadão. Nós achamos também a cópia de um documento chileno. Ele disse que veio para o Brasil com cinco anos de idade. Se já tem 16 nomes diferentes, com certeza ele já foi preso 16 vezes.



Depois de algum tempo, o nome verdadeiro do bandido foi revelado: Douglas Martins dos Santos Filho é chileno coisa nenhuma. Ele nasceu em São Paulo no dia 16 de agosto de 1963 e provavelmente nunca foi para a terra de Augusto José Ramón Pinochet Ugarte e da professora Verônica Cortes. No documento apresentado por ele aos tiras constava o nome de Aroldo Pedro de Barros Vilaza. A única coisa que era verdade: a idade, 45 anos, e a participação dele no 15-3-3. Santos Filho tinha realmente várias passagens pela polícia por crimes como roubo, furto, receptação, porte ilegal de arma etc. Desta vez ele foi indiciado pelo menos por falsidade ideológica e novamente por roubo. E em relação àquele possível integrante do PCC em SBC, clique aqui.

Momento de descontração I


A foto acima foi tirada hoje (05/03) às 8h58 no banheiro masculino localizado sob a estação Corinthians-Itaquera do Metrô e da CPTM. Detalhe para a ilustração do “boneco”.

Em que situação nós chegamos.

terça-feira, 3 de março de 2009

O pulo do gato...miauuuuu!!!!!!

E hoje, no Pulo do Gato, a notícia foi essa: Dois gatunos são presos vendendo decodificadores furtados para o povo ter acesso livre a TV a cabo e internet banda larga. O caso era investigado há três meses pela NET.



Madrugada de terça-feira, 3 de março do ano presente, a seccional de São Bernardo do Campo, na Rua Anunciata Gobbi, está cheia de jornalistas de várias emissoras de rádio, TV, jornais impressos e internet. Todos estão lá porque o delegado Fabiano Fonseca Barbeiro entrou em contato com o repórter do DGABC dizendo que tinha prendido, através de investigação, dois malas que participavam de um esquema de fraude na distribuição de decodificadores da NET. Como na madrugada todo mundo é amigo, a notícia se espalhou e chegou até o Morumbi, Berrini, Bela Vista, Barra Funda, Limão e Osasco. Até então a cidade de São Paulo parecia uma Noruega. Madrugada tranquila, sem ocorrências e delegacias apenas com casos de briga de marido e mulher, que, como diz o ditado, a gente não ponha a colher.

Big Brother, Pay Per View, Cartoon Network, CNN, Tele Cine, pornô … Tudo isso por apenas R$ 800. Não de assinatura, mas uma única parcela por toda a vida. Internet de 10 mega também, mais barato ainda, R$ 450. Isso mesmo, o fulano ia à lojinha GR Eletrônica em Diadema ... “Quero TV paga sem pagar”, o mala encomendava e depois de um tempo “é só puxar um gato, ligar a televisão e assistir TV digital.” A grosso modo, era assim que funcionada o esquema de Gutierre Luiz Eleutério, 30 anos, e Reginaldo Silva Damascena, de 29.

Na delegacia, por volta das 3h00, o doutor - que por sinal dá de dez em muitos assessores de imprensa - já preparava os CDs com fotos, vídeos e áudios que foram gravados com uma câmera escondida no momento da prisão dos dois indiciados. Enquanto o material não ficava pronto, em nossas mãos já circulavam três folhas de papel sulfite com um texto explicando toda a ação da polícia e os depoimentos das partes.

Os fotógrafos e cinegrafistas preparados porque a qualquer momento os receptadores poderiam passar. O delegado, todo preocupado, sai da sala e diz: “Olha, já conversei com os dois bandidos. Vocês podem ficar por aqui porque já pedi para os policiais trazerem eles por esse corredor antes de irem para o segundo andar. Quando eu der o sinal...” 10 minutos depois os malas, sem camisas – quer dizer, com as camisas cobrindo os rostos - passam e é flash e luz para todo o lado. Minutos depois, o caminho de volta, mas agora para o camburão que tem como destino o 3º DP de São Bernardo do Campo até conseguirem uma vaga no CDP da cidade.



Com a palavra, o doutor:

Repórter R: Começou com a denúncia de um funcionário que presta serviço antifraude para a NET. Como funcionou isso aí?

Delegado Fabiano Fonseca Barbeiro: A empresa tem um setor antifraude que recebeu essa denúncia. Inicialmente fez o primeiro contato, para ver mesmo se procedia àquela informação. Percebendo que de fato era procedente nos procurou para dar início aos trabalhos da polícia judiciária visando à prisão dos responsáveis.

Repórter R: Alguma preocupação de vocês colherem as provas com câmera escondida?

Delegado Fabiano Fonseca Barbeiro: Na verdade é um dispositivo que temos e com certeza houve sim a preocupação de usar com o intuito de preservar a prova ao máximo da prática efetiva daquela conduta criminosa.

Repórter ABC: Como é que funcionava esse esquema?

Delegado Fabiano Fonseca Barbeiro: A princípio nós tivemos conhecimento do estabelecimento que vendia o decodificador, ou seja, seria a ponta da linha (loja do Gutierre). Nós começamos a investigar daí por diante, ou seja, qual a origem desses decodificadores? Aí nos chegamos definitivamente ao distribuidor aqui do ABCDM (Reginaldo).

Repórter ABC: Tem mais gente envolvida?

Delegado Fabiano Fonseca Barbeiro: Pelo que foi apurado nos interrogatórios, principalmente do distribuidor – o Reginaldo – com certeza tem, principalmente dentro das empresas terceirizadas.

(...)

Repórter R: Como Reginaldo conseguia esses aparelhos?

Delegado Fabiano Fonseca Barbeiro: O Reginaldo disse que conseguia de pessoas que trabalhavam dentro dessas empresas terceirizadas. Eles faziam o desvio desses aparelhos, seja do almoxarifado ou dos veículos que iam para a rua fazer as instalações nas residências. Ele próprio trabalhou dentro de uma empresa que presta serviço para essa empresa de TV a cabo (NET).

Repórter BR: Alguma lista de pessoas que compraram esses aparelhos?

Delegado Fabiano Fonseca Barbeiro: Com o Reginaldo, dentre vários objetos que apreendemos, havia uma lista com nomes e endereços de algumas empresas de conserto de TV e som, onde normalmente esses aparelhos são comercializados. Faremos um trabalho para buscar mais responsáveis por esse crime que tem uma proporção muito grande.

Repórter BR: Todas as empresas no ABCDM?

Delegado Fabiano Fonseca Barbeiro: Sim.

Repórter R: E para quem comprou esses aparelhos para colocar em casa?

Delegado Fabiano Fonseca Barbeiro: Essas pessoas também estão cometendo o crime de receptação, mas não pela sua modalidade qualificada. O crime simples mesmo, cuja pena prevista de reclusão é de 1 a 4 anos. Elas também vão ser investigadas e detidas em flagrante.

Encerra a coletiva.

As prisões ocorrem todas na última segunda-feira. Um possível comprador entrou em contato com Gutierre com o consentimento da polícia. Eles fecharam o valor e no momento da entrega os policiais deram o flagrante. O já preso levou os tiras à casa de Reginaldo. Lá foram apreendidos mais de 200 decodificadores prontos para a venda, cartões com código de liberação de sinal clonados e um computador que criava a senha dos cartões.

Fazendo uma conta simples: a adesão de qualquer plano da NET custa R$249. Multiplique isso por 200 = R$49.800. Ou seja, apenas com o furto dos aparelhos a operadora perdeu quase R$50 mil. Contando a assinatura mensal, sendo que o pacote completo custa R$194 por mês... xi, vai grana, e isso sem contar os modens. Os dois foram indiciados em flagrante por receptação qualificada e Reginaldo ainda cumprirá pena por estelionato. Os gatos caíram - e feio - do telhado, como o Tom, amigo do Jerry...lembra? Não? Passa todos os dias na Cartoon Network.

segunda-feira, 2 de março de 2009

“Bandido” morre em troca de tiros com a Rota

Policiais das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar conseguem matar um “criminoso” que resistiu à prisão. Na troca de tiros, o desconhecido foi baleado quatro vezes.



Bem, vocês já devem ter lido o livro Rota 66 do jornalista Caco Barcellos. A publicação descreve a morte de jovens da classe média alta paulistana durante uma perseguição policial pelas ruas do Jardim Paulista, na zona sul de São Paulo. Os garotos são mortos covardemente por policiais que fazem patrulhamento com Veraneios cinza. Quando os motores desses carros roncavam, todos temiam.

Na noite de ontem (02/03), mais especificamente às 20h10, dois homens andavam pelas ruas escuras e arborizadas do Parque do Morumbi, bairro nobre da zona sul. Uma noite quente, com temperatura na casa dos 25 graus. Um deles estava com uma mochila preta. Quando passam na Rua Catarina Retimberg Gottisfritz cruzam com uma Blazer cinza com as luzes apagadas e com a sigla Rota na lataria. “Ei, para aí”. Parar que nada. Segundo informações da polícia, já que não havia testemunha na rua naquele horário (?), o homem que estava com a mochila virou e começou a disparar contra os policiais, antes mesmo deles saírem da viatura. Os quatro agentes da Rota revidaram e conseguiram acertar quatro tiros no suspeito, sendo dois deles no abdome.

Nenhum policial ferido. O outro suspeito conseguiu fugir. Provavelmente sem ferimentos, porque não deu entrada em nenhum hospital da região até as 13h14, horário que escrevo este texto.

O suspeito, ferido, foi levado para o Pronto Socorro Campo Limpo. A viatura 91... chegou ao hospital 19 minutos depois dos fatos, às 20h29, segundo registro médico. No boletim de ocorrência há a afirmação que o homem deu entrada com vida na emergência e nem cita que o indigente morreu, mas o boletim médico informa claramente que o homem já estava morto quando chegou ao PS Campo Limpo.

Para pegar essas poucas informações foi uma grande dificuldade: base da Rota na Favela do Paraisópolis, 89º DP Portal do Morumbi - delegado com uma educação questionável, mas depois maleável – Copom, novamente base da Rota na Favela do Paraisópolis, Hospital Campo Limpo.

Apreensões: não sei como, mas o material apreendido aumentou de tal forma com o passar das horas que fiquei admirado, mesmo tendo tão pouco tempo de rua. Começou com duas pistolas calibre 380 e um “pouquinho” de maconha – isso às 4h00. Já às 5h00 os dados mudaram; agora a polícia tinha levado para o 89º DP Portal do Morumbi um carregador de pistola, uma pistola calibre 380 e 1.288 quilos de maconha. Tudo errado! Às 13h00: mochila, carteira, 27 trouxinhas de maconha, três tijolos de maconha, uma pistolas calibre 380, três revólveres calibre 38.

Vale lembrar que a ocorrência foi às 20h10 de ontem e o BO fechado no início da madrugada. Como o comando da Rota (que apresentou a ocorrência), o Copom (que registra o BO PM) e a delegacia (que fecha o boletim) não entraram em comum acordo sobre o que foi realmente apreendido? Como um corpo dá entrada no hospital e nem entra no BO? Xiii, tem caroço nesse angu?

No Rota 66 houve uma enorme mobilização da imprensa para descobrir quem realmente foram às vítimas da história... Todos os setores da sociedade chocados com o caso... Mas agora... alguém se prontifica para saber se a história do BO é verdadeira?

Caso for totalmente verdade, meus parabéns para a Rota por tirar mais um bandido da rua. Caso contrário...

domingo, 1 de março de 2009

O dia em que quase virei notícia

Fui ver um acidente de trânsito e quase aumentei a estatística.



Durante toda a noite da terça-feira, 24 de fevereiro de 2009, choveu na Grande São Paulo. Como de costume, muitos pontos de alagamento, congestionamento e tudo que os moradores da capital paulista já estão acostumados durante o verão.

Naquela tarde, a Mocidade Alegre havia sido campeã do grupo especial do carnaval paulista. Muita movimentação policial na porta da agremiação, na região do Limão, para conter pessoas que estavam acima do nível alcoólico permitido para o corpo. Como de costume, as coisa na porta da Mocidade acabaram em confronto com os PMs, que tiveram que usar gás de pimenta contra a multidão. Mas esse caso fechei apenas em texto e não precisei ir.

Na madrugada de quarta-feira, as ruas da capital ainda estavam com água. Como não gosto de dirigir com a pista molhada, estava com uma vontade enorme de conseguir fechar os casos por telefone, sem nenhum perigo.

Naquela noite estava atarefado porque tinha que fazer uma edição sobre o primeiro discurso do Obama no Congresso. “Nossa economia está debilitada e nossa confiança, abalada (...) Vivemos tempos difíceis e inseguros, mas, nesta noite, quero que todos os americanos saibam o seguinte: vamos nos reconstruir, vamos nos restabelecer. Os Estados Unidos sairão mais fortalecidos (...) blá, blá, blá, aplausos. Obama discursa com tom imponente diante do Congresso.

Sabendo ou não quem é Obama, o garoto R.P., de 13 anos, está querendo mesmo é dar um “role” de carro pelas ruas do centro de São Paulo, mas ele não tem carro e deverá esperar pelo menos mais cinco anos para tentar tirar a primeira habilitação. Menor + carro + chuva = a muita confusão, como diria o homem que narra as chamadas da “Sessão da Tarde”. E ele acertou.

“Tem um moleque de 13 anos lá no 12º DP (Pari) que foi pego dirigindo um carro roubado”, contou por telefone o rádio-escuta que trabalha durante a madrugada. E lá vamos nós. Na hora pensei que era o famoso, precoce e grande F., de 1,40 metro de altura, que já foi levado para a delegacia 10 vezes principalmente por furtar carros e tem uma ficha criminal maior que ele próprio. Mas não, desta vez era outro.

Segundo a polícia, R.P., que tem 1,50 de altura, foi detido por agentes da Guarda Civil Metropolitana depois de bater um Elba preto (o da foto) num poste na esquina das ruas Araguaia e Pascoal Ranieri.

O escrivão do 12º DP disse que o menino simplesmente viu o carro parado com uma micha no contato, entrou, ligou o carro, engatou a primeira marcha e acelerou. Alguns metros depois, tentou desviar de um caminhão, perdeu o controle do carro e bateu de frente em um poste. O adolescente ainda conseguiu desviar de um deles, com uma placa de C-E-T, mas não conseguiu sair da rota que levou a outro, que sustenta os fios de energia elétrica. Ferido ele ainda tentou fugir dos GCMs que viram o acidente, mas foi pego. Resultado: Um galo na cabeça, ferimentos no joelho e três pontos no queixo.

Mas antes de chegar ao DP, passei um dos meus maiores apuros. Saí do estacionamento que fica na rua Doutor Bruno José Pestana, entrei na contramão para acessar mais rápido a Avenida Morumbi. A partir daí Oscar Americano, Tajurás, ponte e avenida Cidade Jardim, túnel Max Feffer, Nove de Julho, túnel Anhangabaú, Prestes Maia, Tiradentes, Santos Dumont e Marginal do Tietê. “Quase chegando. Quase”.

A 70km/h, pronto para acessar a saída para o bairro do Pari, o inesperado. “Caramba, a entrada já é aqui”. Viro à direita, piso “levemente” no freio, mas o Gol responde mais agressivamente possível. Apenas ouço o barulho da roda derrapando, viro para direita, esquerda e o carro segue rumo a dois postes - um que sustenta os fios de energia elétrica e outro uma placa da C-E-T. O Gol 1,6 parece um cavalo bravo. Em um breve instante, tiro o pé do freio, mas já é tarde. Subo “numa velocidade” no canteiro da alça, o pára-choque bate na guia, e segue sem parar. Não sei como, mas por um breve instante consegui desviar e passar entre os dois pontes, em um vão de no máximo 2,50 metros. Saio do carro em baixo de chuva imaginando o estrago no pára-choque devido ao forte estrondo que ouvi quando nós fomos para a calçada. Mas nada. Absolutamente nada. Isso tudo num intervalo de quase 4 segundos.

Com 21 anos, 1,68 de altura e mais de dois anos de carteira, quase fiquei ferido como o adolescente de 13 anos, mas esses dois anos fizeram a diferença na hora do aperto.
Os pais de R.P. pegaram o garoto na delegacia e ficaram responsáveis em apresentá-lo na Vara da Infância e da Juventude. Como R.P. não foi pego em crime envolvendo "risco à vida de pessoa", como assalto à mão armada, ele não foi para a Fundação Casa, a antiga Febem. Nesse caso, acredito que o carro é considerado uma arma perigosa, mas na cabeça dos homens da lei, não.
Ah, espero nunca virar notícia.