segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Quem quer ser um milionário...

Um grupo de criminosos cava um túnel e furta cerca de R$10 mi de uma transportadora de valores na zona oeste de São Paulo



Um dia vou ser milionário. Sei lá como. Ok, confesso: sempre que posso faço meu joginho na Mega-Sena - nunca acertei uma quadra – mas um dia pode dar certo. Ah, falando em jogo, você viu a final do Campeonato Brasileiro? Emocionante, não? O Flamengo, campeão, levou milhões para Gávea.

Aposto que às 17hs do domingo você estava acompanhando de alguma forma o desenrolar da última rodada. O “bicho pegando” no país inteiro. Neste mesmo horário, o segurança de uma transportadora de valores, que também acompanha a loteria que é o futebol nacional, ouve um barulho estranho vindo da direção da sala onde está o cofre da empresa. Ele pensa: “deve ser nada de mais. São fogos de artifício na rua. Torcedores”.

Naquele momento, nascia pelo menos mais um milionário no Brasil.

23h. Domingo, 7 de dezembro de 2009. Neste dia chego mais cedo à redação. Por lá sete pessoas prontas para o final do plantão e troca de turno. Penso: “Mais uma segunda-feira que deve ser tranquila. Devo ficar atento apenas com os palmeirenses, que pretendem fazer manifestações em frente ao Parque Antárctica”. Ler e-mails, colocar a conversa em dia e eis que toca o telefone. No outro lado da linha a informação: “Meu (com sotaque paulista), temos um caso complicado!”. Peguei os dados iniciais e rumo à Rua José Mascaro, na Vila Jaguara, zona oeste.

16,2 KMs depois estou lá, o segundo a chegar ao local da ocorrência por parte da imprensa (lá já estava um cinegrafista amador). Na rua também havia uma viatura da PM com dois soldados preservando uma casa, que não quiseram dar mais detalhes do caso. Pois bem, fui ao 33º DP.

Na delegacia as coisas começam a clarear. Um homem de calça jeans clara e camiseta amarela, aparentemente abalado, conversa com dois PMs já conhecidos de outras ocorrências. Minutos depois descubro que aquele homem é o dono da transportadora que acabara de ser invadida. Não quer conversa. Ok, respeito a situação.

Um dos policiais militares me chama de canto e passa as informações em off: “É o seguinte: os caras – não sei quantos – compraram uma casa (há quatro meses) na Rua José Mascaro, cavaram um túnel até a empresa Transnacional Transporte de Valores e Segurança Patrimonial Ltda., no número 54 da Praça Barão de Ibirocaí, e fugiram pelo mesmo túnel com cerca R$10 mi, mas ainda não temos o valor exato.



Volto ao local da ocorrência e a situação é outra: a informação vazou e todos os amigos da imprensa paulistana já tinham chegado.

Nenhum policial fala, o dono não fala, funcionários não falam, quem fala? Neste momento aparece na porta de casa (ao lado da “residência dos bandidos”) a dona de casa Regiane Nascimento. Negocio a entrevista e ela dá informações importantes para a história:



Minutos depois chega a perícia e o delegado da Delegacia de Roubo a Bancos do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (DEIC), que – como de costume – não grava entrevista. Caso fechado, vamos para o ar...

Segundo a polícia civil, na casa que serviu como ponto de partida do túnel foram encontrados um mapa com o esquema da fuga, algumas notas de dinheiro espalhadas pelo chão e vários sacos com terra. As paredes tinham sido pintadas para esconder impressões digitais dos bandidos. O túnel tinha cerca de 100 metros de comprimento, 1 metro de largura e 1 metro de altura. Ele era escorado por peças de aço para não desmoronar. Foram cerca de quatro meses para ele ficar pronto. Para seguir em linha reta, provavelmente os ladrões usaram GPSs com coordenadas exatas do local onde estava o cofre. Para não chamar a atenção, os bandidos colocaram enfeites natalinos no quintal. A fuga foi realizada em pelo menos um carro com baú. Parte das câmeras do circuito interno de segurança estava desligada. Tudo leva a crer que algum funcionário da transportadora de valores também ficou milionário. Ninguém foi preso até o momento. Ah, quarta-feira tem Mega-Sena acumulada. Quem quer ser um milionário?

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Heliópolis Slum

Uma adolescente de 17 anos morre em suposto fogo cruzado entre ladrão e Guardas Civis Municipais de São Caetano do Sul.



23hs de segunda-feira, 31 de agosto de 2009. Uma estudante de comércio exterior chega em casa na cidade de São Caetano do Sul depois de uma cansativa noite na Universidade Metodista. Quando vai estacionar o Ford Ka vinho na garagem, um casal de bandidos (o homem armado) a aborda e a retira bruscamente do veículo. Nem dá tempo para tirar a bolsa. Neste mesmo instante, mas em Heliópolis, Ana Cristina, de 17 anos, está a caminho de casa, depois de uma cansativa noite na Escola Dom Cavalcanti.

Uma viatura modelo Chevrolet Blazer da Guarda Civil Municipal da cidade – cidade que tem pouco mais de 152 mil habitantes – cruza com o carro roubado em alta velocidade no Jardim São José e inicia a perseguição. Os bandidos atiram várias vezes contra os guardas civis, que revidam. A perseguição que começou em SCS já está em São Paulo, mais precisamente na Estrada das Lágrimas - fora da jurisdição dos guardas – na região da favela Heliópolis – favela que tem pouco mais de 100 mil habitantes. Agora não é mais uma viatura da GCM, mas sim quatro. Os bandidos atiram novamente contra os agentes. O automóvel com o casal de ladrões bate em uma viatura, mas continua, até colidir contra um Corsa estacionado na esquina com a Rua Cônego Xavier. O bandido sai do carro e atira várias vezes contra os GCMs, que revidam. Ana Cristina, que não tem nada a ver com a história, está chegando em casa, se assusta com o barulho e se esconde atrás de um outro veículo. Durante a troca de tiros entre GCMs e bandido, uma única bala atinge o pescoço da garota, que morre na hora. O ladrão, armado, aproveita o momento e fuge para o interior da favela. Já a comparsa é presa ainda dentro do Ka. O corpo da jovem é colocado em uma viatura e levado às pressas ao Hospital Heliópolis, a uma quadra do local do disparo, mas não há mais nada a fazer.

Tudo para ser uma madrugada quente - e quente mesmo. Para um inverno austral a temperatura estava até que alta: 17°/18° graus à 0h desta terça-feira, hora em que bati o cartão – igual ao “bilhete único” - na emissora.

Pois bem, dou uma olhada nas agências externas e internas e até então tudo tranquilo. Liguei para o escuta da TV e, com uma voz um pouco alterada, ele disse: “Meu, ó, a gente está indo para Heliópolis porque parece que a polícia matou uma menina na favela”. Pergunto: “Mas como está por lá”. Recebo a resposta: “Até agora tudo tranquilo”.

Ok, mas já imaginava. “Lá vem m*@&%, e das grandes”.

Pego o gravador e quando passo novamente na TV: “Ó, o bicho tá pegando por lá”. Eu já sabia”. É sempre a mesma coisa: Sarney está para pizza assim como comunidade está para manifestação.

Entro na 648 e lá vamos nós. Passo em frente ao Hospital Heliópolis, viro à direita na rua Cônego Xavier e já começo a sentir o cheiro de borracha queimada. Mais à frente, no início da descida, uma barricada feita por pneus, lixo, camas e parte de sofás em chamas. Anotem bem, apenas “parte do sofá”, porque outra parte estava com um homem, aparentemente bêbado, que me recepcionou (não tão amistosamente assim).

Quando ele viu a viatura em que eu estava – com as mesmas cores que a da PM – o gentil homem pegou o pedaço de madeira, levantou lentamente e mirou em mim. “PÔ MEU, PÉRA AÊ! SOU REPÓRTER, NÃO POLÍCIA”. Ele – ainda bem – enxergou a palavra REPORTAGEM no pára-brisa. Abaixou a “arma” e aí sim, “pode passar”. Agora e colher sonoras com as pessoas certas.

Cerca de 100 pessoas estavam nas ruas gritando em coro “Justiça, Justiça, a ‘polícia’ matou um inocente”. Ouço tiros disparados por “moradores”, mas nada grave. Os “colegas de imprensa” já estavam por lá e presenciaram a ação dos homens do GOE, GARRA e PM para dispersar a multidão, maior ainda, antes de eu chegar. Bombas de efeito moral e balas de borracha foram utilizadas. Alguns feridos, mas nada grave. (particularmente gosto de cobrir manifestação com bomba e tiros para tudo quanto é lado. Para mim, repórter deve estar no local dos fatos)

Pergunto a um repórter: “Alguém gravou com você”. Ele responde: “Sim, tem um cara que está com o caderno da menina que morreu. Ela morreu na porta dele.” Agora a missão quase que impossível. Encontrar um homem, com um caderno na mão, no meio de uma favela com mais de 100 mil pessoas. Ou seja, a agulha do palheiro.

Em um primeiro momento pensei que era miragem, mas logo depois a ficha caiu: o tal homem estava lá, na porta de uma casa, com camisa azul clara e calça jeans e com o tal caderno nas mãos. Gravei com o garçom Iraildo Carlos da Silva, fiquei um tempo por lá alguns minutos depois, quando a poeira abaixou saí, rumo ao Hospital Heliópolis, para ver se encontrava algum familiar da jovem. Por lá nada – apenas uma menina linda que dei mole e não deixei o meu telefone com ela (droga), mas enfim, estou a trabalho.

Agora o plantão no 95ºDP Heliópolis. Cheguei às 2hs na delegacia e, papo vai, papo vem, e já são 4h30. Nenhuma declaração oficial por parte da GCM de SCS. Nenhuma declaração oficial por parte da polícia civil. Volto à redação com o texto prontinho na cabeça apenas com um lado da história.

Logo depois que saí da delegacia, o supervisor da Guarda Civil Metropolitana (GCM), Adenízio Nascimento, conversou com os jornalistas e informou que “ainda é muito cedo para dar qualquer resposta” sobre de qual arma partiu a bala que matou a estudante, que já tinha uma filha de 1 ano e 8 meses. Ele não respondeu por que a GCM, que é treinada para cuidar do patrimônio público e nem é considerada polícia, estava em uma perseguição, e para piorar na cidade vizinha. Só o tempo e as investigações nos darão, ou não, a resposta.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

R.I.P.

Vamos sair um pouco da linha editorial do Câmera Mecânica devido a fatos de repercussão internacional

Quando era garoto sempre alugava o game Moonwalker, que foi criado graças ao grande sucesso do ídolo maior da música pop, Michael Jackson. Coloquei, para relembrar, o link do jogo no Youtube (ah...época dos jogos de 8 e 16 bits) e também da música Smooth Criminal, aquela em que Michael e os dançarinos chegam ao ângulo de 45º sem tirar os pés do chão, utilizando o efeito dos “sapatos de lean”. Essa é uma das melhores músicas de Michael Jackson, perde apenas para a “ABC”, cantada quando ele era criança e negro.



quarta-feira, 24 de junho de 2009

Sem canudo

Pois é, o diploma de jornalista não será mais obrigatório. Para o ministro Gilmar Mendes, jornalista é igual cozinheiro: para ser bom, não precisa ter o canudo.
Só faltou comparar a nossa classe com a do rapaz aí, que nunca foi a uma faculdade, mas é muito profissional.


“Meu nome agora é Zé Pequeno, p...”

Uma “mini quadrilha” é apreendida na zona sul de São Paulo com carro furtado. O “chefão” tem na verdade 12 anos e 1 metro e 20 de altura



Por acaso vocês lembram daquele garoto de 12 anos que já tem 11 passagens pela polícia? Especialista em furtar carros? Pois é, seus dias de glória terminaram. Agora ele tem um adversário “à altura”.

O novo menino prodígio gosta de ser chamado de Zé Pequeno (em referência ao personagem do filme Cidade de Deus, que comete crimes desde a infância). Ele é franzino, tem 12 anos e já é chefe de uma quadrilha de adolescentes.

Ele mostrou suas habilidades ontem à noite no Jardim Aeroporto, na zona sul da capital...

Na tarde desta terça-feira (24) o menino foi à concessionária Rumo Norte, localizada na esquina da Rua Viaza com a Avenida Washington Luiz, e ficou impressionado com os carros que ali estavam: Astra, Corsa, Meriva, Montana, Prisma e muitos outros. Mas o que fez os olhos do menor brilhar foi um Celta, que retribuiu o brilho, pois acabara de ser polido.

Mesmo sabendo que ainda faltam seis anos para tirar a carteira, ele não se intimidou. Entrou de cabeça erguida na loja, notou que virou foco de todos os olhares, e sem perder tempo abriu a porta do Celta, entrou e sentou.

O segurança logo veio e...”Pô garoto, sai daí meu...Vaza! vaza”! Essa frase, tão pequena quanto o jovem, cresceu no seu interior, mas como forma de ódio. Já em direção a saída da concessionária, o menino ameaçou: “Eu vou voltar e é para roubar o carro”. O segurança deu de ombros e esqueceu aquela história.

Quem não havia esquecido aquela história era o menino, que agora virou “Zé Pequeno”. Confiante, ele recrutou mais três jovens, de 13, 14 e 15 anos. À noite, o plano seria concretizado. E foi isso que aconteceu.

Na calada da noite, os pestinhas aproveitaram que os vigias estavam distraídos, pularam o muro - de aproximadamente 1 metro e 50 - e foram em busca do carro. Naquele momento, o veículo que estava dando sopa era um Astra quatro portas preto com a chave no contato.

Zé Pequeno assumiu o volante, colocou o banco mais na frente possível e acelerou, arrombando assim o portão de aço da concessionária. Daí em diante foram duas horas de curtição com o novo carro.

O soldado Jerrival Almeida Souza, da 1º Cia. do 12º BPM/M, voltava para casa de mais um dia corrido no trabalho quando avistou um veículo preto parado na Rua Lacedemônia. “Tinha dado uma pane no veículo e eu notei que um menor desceu assustado e ficou olhando para o carro. Como eu sabia que um pouco mais cedo tinha sido furtado um Astra de uma concessionária, isso me chamou a atenção. O que mais me chamou a atenção foi o tamanhinho do que estava dirigindo”, disse.

Quando o soldado se aproximou, Zé Pequeno fez o carro funcionar e saiu em disparada pela contramão. Durantes os três minutos de perseguição Zé Pequeno foi grande, valente e não tirou o pé do acelerador. Mas já dizia meus pais quando eu era menor: “O errado sempre perde”. E foi isso que aconteceu.

Na esquina com a Avenida Santa Catarina o policial, que agora fazia hora extra, abordou a mini quadrilha e fez a apreensão.

E esse é o fim da primeira história de Zé Pequeno e sua gangue.

Opa... a história não termina aqui não. Zé Pequeno e os comparsas foram encaminhados à delegacia da Vila Mariana (36ºDP), onde o delegado espera que os responsáveis se apresentem e retirem os jovens infratores do distrito policial. O plantonista lavrou apenas um ato infracional.

Infelizmente, logo teremos mais aventuras de Zé Pequeno e sua gangue. Coming Soon.

sábado, 23 de maio de 2009

190

Homem salva vítima de sequestro na zona sul de S. Paulo

Como uma simples ligação para o Centro de Operações Policial Militar pode salvar uma vida. Leia a matéria no Globo.

Ouça o diálogo entre o COPOM e o “anjo da guarda”.



O trajeto feito pelo homem foi de 6,3 Km pelas principais avenidas da zona sul de São Paulo.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

A preferida II

Ministra continua internada

A madrugada de hoje foi tranquila. Apenas quatro repórteres aguardando um boletim médico – que não saiu – e rápidas entradas ao vivo.

Estacionei o carro próximo ao Hospital Sírio-Libanês por volta da 1h. Lá, já estava uma repórter se preparando para um link e mais dois companheiros da madrugada. O restante chegou depois. Muito frio – pior que ontem – e também muita fome. Mas quem vai ser doido de sair para comprar comida e dar o azar da ministra sair? Isso mesmo: ninguém. A sorte é que por volta das 3hs um motoboy foi entregar pizzas aos seguranças. Pegamos o número e mandamos para dentro uma de mussarela e outra de calabresa (uns mais que outros).

Histórias, histórias, vídeos, fotos, histórias e café, mas sempre atentos a qualquer ruído de carro. Assessoria, como de sempre, sabia menos que a gente (acredito, tá).

Pela manhã a coisa começa a esquentar. Os links das TVs, pacientes e familiares entrando e saindo do Sírio.

Por volta das 8h30, correria. Só deu tempo de pegar o gravador e correr. Flashes. “Quem entrou?! Quem?!”. O secretário do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, acabara de entrar. Segundo ele, para visitar um amigo. Tudo volta à normalidade.

Do nada começa a conversa sobre as situações mais complicadas que passamos quando não sabemos o nome e quem é o entrevistado que está na sua frente.

Minutos depois, mais correria. Um carro com placa oficial estaciona na entrada principal do hospital. Antes da misteriosa figura sair do veículo, flashes e mais flashes. “Primeiro atira depois pede o documento”. É assim que funciona. Um senhor, de aproximadamente 70 anos, cabelos brancos, 1,70 de altura, sai pela porta traseira do carro de luxo. “Quem?! Alguém conhece?!” Nenhuma resposta, até que um cabra corajoso, no meio da multidão, faz a seguinte pergunta? “Doutor, o senhor visitará a ministra”. Silêncio. O homem, que é um desconhecido, deu de ombros e entrou. Que gafe. Risos. Como escrevi linhas acima: “Primeiro atira depois pede o documento”.

Rendição. Casa às 11hs.

TO BE CONTINUED ???

terça-feira, 19 de maio de 2009

A preferida

Ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, é internada às pressas no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, depois de fortes dores nas pernas.



Na noite da última segunda-feira senti que um grande evento aconteceria durante a madrugada, mas como sempre pensei que era bobagem. Às 23h50 entrei no ônibus com destino ao trabalho. Antes de chegar à redação, passei no estacionamento e já reservei a viatura 545 – que normalmente uso – e a deixei estacionada no pátio da emissora. Aperto o botão do elevador, alguns segundos para “o mesmo” descer do 3º andar para o térreo. Quando abre, o chefe de edição. “Tudo bem? Vá à redação e sai de lá voando porque a Dilma está sendo encaminhada ao Sírio-Libanês. Ela passou mal à tarde e logo dará entrada no hospital”. Na menor, menor, menor e menor das hipóteses alguma pauta policial derruba essa. Imprimo algumas notícias e acelero em direção à Sociedade Beneficente de Senhoras – Hospital Sírio-Libanês, na Rua Dona Adma Jafet, número 91, Bela Vista, região central de São Paulo.

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, está tratando um linfona – câncer no sistema linfático – no mesmo hospital e realizou, até o momento, duas sessões de quimioterapia. Essa informação é que nos deixa com a pulga atrás da orelha. Será que as dores são reações ao tratamento? Trombose na região das pernas? O câncer voltou?

Cheguei por lá às 0h20, momento que a ministra sobrevoava alguma cidade no interior paulista. A turma da madrugada e outros repórteres já estavam por lá. Informações: escassas. Apenas o básico.

Na cobertura do vice José Alencar os jornalistas ficaram no saguão do hospital. Nesta terça-feira: negativo. Sem saber disso, um repórter de um grande grupo de comunicação entrou no Sírio-Libanês e se acomodou. A assessora de imprensa, ao invés de conversar e informar que os jornalistas deveriam ficar na “rua”, chamou logo os seguranças. Indignado, ele saiu. Minutos depois a mesma assessora foi cumprimentar o jornalista expulso, mas o gesto não teve retorno por parte dele. Assim, deu início a um bate-boca engraçado:

Repórter: Boba.

Assessora: Bobo é você.

Repórter: Sua babaca.

Assessora: Babaca é você.

Hilário.



“Passa tempo, tic-tac / Tic-tac, passa, hora / Chega logo tic-tac / Tic-tac, e vai-te embora / Passa, tempo / Bem depressa / Não atrasa / Não demora / Que já estou / Muito cansado / Já perdi / Toda a alegria / De fazer / Meu tic-tac / Dia e noite / Noite e dia / Tic-tac / Tic-tac / Tic-tac.”

2h30: uma movimentação de seguranças.

2h50: duas ambulâncias (uma da Unimed e outra que não consegui identificar) descem a Rua Barata Ribeiro e entram no espaço reservado à remoção dos pacientes. A movimentação ao redor dos veículos é grande. Nós não invadimos e esperamos a “ministra” desembarcar. O estranho: a informação que tínhamos era que a ministra faria o trajeto Brasília – Congonhas em um jato da Amil. “Por que raios uma ambulância da Unimed”? (a outra não tinha estampado o logotipo da Amil). Os médicos retiram da ambulância uma pessoa sobre a maca. Nenhuma foto conseguiu confirmar que aquela pessoa era Dilma. É nesse instante que o motorista do JT dá o alerta: um Vectra preto entrava pelo acesso lateral. Correria. Muita correria, mas sem sucesso (para nós). A ministra conseguiu despistar os jornalistas. Ninguém conseguiu a imagem.

Quarenta minutos depois o assessor de imprensa veio ao nosso encontro e divulgou o primeiro boletim médico:

“A Sra. Ministra da Casa Civil Dilma Rousseff apresentou dor de forte intensidade nos membros inferiores, necessitando de medicação endovenosa. A paciente deu entrada no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, às 3h do dia 19 de maio, para a realização de exames. A Sra. Ministra submeteu-se a uma ressonância magnética que mostrou-se dentro da normalidade. Durante o dia de hoje (terça-feira) continuará submetendo-se a novos exames”. Assinam o boletim o diretor técnico do hospital, Antônio Carlos Onofre de Lira, e o diretor clínico, Riad Younes.

Muitas perguntas sem respostas.

5h15. Começa a correria das entradas ao vivo. São Paulo. Porto Alegre. Rio de Janeiro. As TVs armando os links.

Rendição, às 10hs. Fim do expediente. Da 0h20 às 10hs, nenhum médico conversou com a imprensa. A assessoria do hospital sabia menos que nós. Assim é difícil, mas a gente sempre dá um jeito.

Apenas às 11h30 o hospital divulgou o segundo boletim médico:
“A Sra. Ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, segue internada no Hospital Sírio-Libanês desde a madrugada desta terça-feira (19/05), para tratamento de dores nos membros inferiores, causadas por quadro de miopatia. A paciente encontra-se estável com o uso de medicação analgésica”. Assinam o boletim o diretor técnico do hospital, Antônio Carlos Onofre de Lira, e o diretor clínico, Riad Younes.

TO BE CONTINUED ...

Você pode ler a matéria publicada no Estadão aqui.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Mais um policial morto. Mais um bandido preso

Um investigador é assassinado ao lado da mulher em uma oficina mecânica no Sacomã, na zona sul de S. Paulo

18hs. Terça-feira, 21 de abril de 2009. Feriado nacional de Tiradentes. José Carlos Cardoso, de 58 anos, está de folga nesse feriado prolongado. Dias atrás, ele havia deixado o Palio da esposa na oficina mecânica localizada no número 195 da avenida Carlos Liviero para alguns reparos. Na tarde de terça-feira o casal foi buscá-lo.

Quando a mulher entrou no Palio, um bandido armado aproximou e a bordou. “Passa o carro... vai... vai...”. O marido, chefe dos investigadores do 7º DP de SBC, estava em seu Meriva quando notou que algo estranho acontecia. Agora, cumprindo o dever de qualquer policial, Cardoso deu voz de prisão ao bandido. O criminoso desobedeceu à ordem e atirou. Em questão de milésimos de segundos o investigador revidou, quase por instinto. O bandido foi atingido de raspão e fugiu a pé. Já Cardoso levou a pior, pois a bala o atingiu na região direita do abdômen.

Os próprios mecânicos o levaram para o Pronto Socorro do Hospital Municipal Dr. Arthur Ribeiro Saboya, no Jabaquara, mas não resistiu. Assim termina os 30 anos de serviços prestados à população.

Depois de um cansativo plantão, estou de volta à redação no meu horário habitual, à 0h. Abro a caixa de e-mail e já está especificado. “Feche uma edição sobre o cara que atropelou 12 pessoas em Cidade Tiradentes”. Ok. Peguei os equipamentos e saí em direção à distante Tiradentes, não a de MG, mas aquela da Cohab.

Antes de sair, passei na TV para ver se o rádio-escuta da vez estava com alguma ocorrência boa. “Oh, estamos fazendo o caso de um policial que foi baleado no Sacomã. O caso está na seccional de SBC.” Pensei: isso pode crescer e tenho que fazer o caso. O que fiz? Enforquei a pauta de Tiradentes e segui em direção à cidade que adotou o nosso presidente Lula. Os companheiros, que entram às 23hs, já estavam na seccional. Cada um com um pedaço do quebra cabeça do caso. Na seccional um delegado já conhecido, Mitiaki Yamamoto.



Para mim já estava bom, mas as TVs precisam de imagem, e nada melhor imagem do preso. Depois de muita insistência por parte de dois repórteres, os tiras trazem Luis Miguel Ueda Alonso para ser interrogado, agora, pela imprensa.



Ele já tinha passagem pelo CDP Vila Prudente em 2007 por receptação de carro roubado e foi libertado graças a um alvará de soltura. Naquela ocasião, a advogada dele também foi detida por tentativa de suborno, mas também foi liberada e ontem estava na porta da delegacia em defesa do acusado. Os policiais acreditam que ele faça parte de uma quadrilha especializada em roubo de carros na região do ABC e zona sul de São Paulo.

Caso fechado, então vamos comer: Estadão ou Mc? Mc, Mc, Estadão, Mc: Mc venceu, 3 a 1! Seguimos rumo ao McDonald’s da Avenida dos Bandeirantes, isso às 3h30. Mandei um Mc Galinha com suco de laranja. Papo bom e já na rua nos preparávamos para ir cada um a sua redação. Mas quem disse que a madrugada iria parar por aí? (To be continued)

sábado, 4 de abril de 2009

Momento de descontração II

Acontece(u) na zona leste.

Segundo a coluna Ti Ti Ti em São Mateus, da Gazeta de São Mateus, algumas mulheres do bairro utilizam o dedo para fazer...vamos dizer... arte abstrata. O problema: a tinta utilizada na criação.



Fato extraído do www.mundo-cane.blogspot.com. Como gosto de morar na zona leste.

P.S.: Agora com teclado novo, novas postagens.

domingo, 22 de março de 2009

Ponto de Encontro

Bar Estadão: local para matar (a fome). Assista.



Encher a barriga, descansar e pegar informação.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Serra Madrugador

Hoje nada de pauta policial. Hoje quem resolveu madrugar foi o governador José Serra.

Duas da manhã saio da redação sob forte chuva em direção à estação Brás da CPTM na região centro-leste da capital. Não estava querendo ir para casa mais cedo, é que o governador José Serra (PMDB) resolveu ir do Brás até Guaianazes de trem para promover a Tarifa do Madrugador, um desconto de apenas R$0,20 para os usuários que utilizam o bilhete único comum no metrô das 4h40 às 6h e os trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) das 4h às 5h20. Ou seja, de R$2,55 a tarifa passou para R$2,35 nesses intervalos.

Estava marcado para o Serra chegar ao Brás às 2h45, mas só foi aparecer depois das 3hs. Foi ao antigo Centro de Controle Operacional. Ficou poucos minutos. Depois seguiu para o novo CCO, composto por seis monitores de LCD, de 42’, que observam as 1.578 câmeras espalhadas nas 89 estações ferroviárias metropolitanas.

Depois de olhar tudo com “atenção”, o nosso governador pegou o trem – sempre sem olhar para a face dos vários jornalistas – e seguimos no mesmo vagão do Expresso Leste até tum...tum...Estação Terminal Guainazes, no extremo leste da capital paulista.

Depois de 23 minutos de viagem, já em Guaianazes, ele faz a cena clássica de colocar o bilhete único na catraca, onde descontou seus R$2,35 e aí então seguiu para a coletiva de imprensa. Aí começa a briga pelos melhores lugares. Consegui ficar até que em uma boa posição, nas costas do Serra.



O homem fica sobre um pequeno mezanino forrado com carpete cinza em frente a um tapume com o logotipo do governo do estado de São Paulo.

O governador começa o discurso pronto:

Governador José Serra: Bom, estamos inaugurando nessa madrugada a Tarifa do Madrugador no metrô e na CPTM. Vou repetir... (isso tudo de novo) ... das 4h40 da manhã até as 6h nas linhas do metrô o bilhete vai ser R$0,20 mais barato. Na CPTM, também R$0,20 mais barato das 4h às 5h40 (engasga)... 5h20. Portanto estamos dando uma cobertura para as pessoas que viajam mais cedo. Será um total de cerca de 250 mil pessoas beneficiadas, mas devemos ampliar. Esperamos que haverá, inclusive, uma ampliação nesse horário.

Assessora de imprensa (na coletiva): E a central de monitoramento?

Governador José Serra: E inauguramos também uma central de monitoramento, super moderna, com vista da segurança ferroviária até contra a violência... valeu a madrugada.

(...)

Repórter BR: Isso não é um modo para tentar desviar a atenção do usuário sobre o reajuste da tarifa unitária no mês passado (de R$2,40 para R$2,55).

Governador José Serra: Francamente, não tem nada a ver, francamente. (em tom de desprezo).

Repórter A: Quanto deixa de entrar com essa redução na tarifa?

Governador José Serra: Nós temos 250 mil pessoas, você faz as contas.

Repórter A: A ideia é trazer mais usuários?

Governador José Serra: Não é por isso. A gente está dando um suporte para quem trabalha mais cedo e que normalmente são as pessoas mais carentes.

Repórter CN: Essa tarifa é válida só de segunda à sexta-feira?

Governador José Serra: Isso. De segunda à sexta-feira. Sábado e domingo tem a tarifa de lazer... como é que chama mesmo?

Assessoras de imprensa: Bilhete BLA (Bilhete Lazer)

Governador José Serra: Bilhete BLA, que é o de lazer.

Repórter J: Isso só vale para o bilhete único comum, mas muitos trabalhadores utilizam vale transporte?

Governador José Serra: Mas aí é a empresa que paga, não o trabalhador.

Repórter BR: Mas o trabalhador que compra seu bilhete... (interrompido)

Governador José Serra: Alguma pergunta?

Assessoras de imprensa: Valeu, obrigada.

Encerra a coletiva.

Na ponta do lápis: Ao fim de um mês, com 20 dias úteis, o usuário economizará incríveis R$4,00. Com isso ele poderá comprar dois hot dogs, ou dois litros de leite, ou uma lata de 350g de leite condensado, ou 500g de Acém, ou 500g de bucho fatiado, ou duas latas de Coca-Cola etc. O governador José Serra volta para o Palácio dos Bandeirantes em seu carro de luxo. Nós, de trem até o Brás com os verdadeiros madrugadores.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Mais um do PCC vai (ou volta) para a cadeia

Bandido é preso após perseguição por uma das avenidas mais movimentadas da zona leste de São Paulo. Ele tem pelo menos 16 passagens pela polícia e 16 nomes na polícia.



Fim da tarde de terça-feira (03/03). A viatura onde está o cabo Rogério Brentan, da Força Tática do 51º Batalhão, segue normalmente pela Avenida Radial Leste em mais uma tarde quente aqui na capital paulista. De repente, às 17h30, avistam um Honda Fit preto em alta velocidade trocando de faixa a todo o momento na pista sentido centro, próximo ao viaduto Engenheiro Alberto Badra, mais conhecido como Pontilhão Aricanduva. Não sabia em qual das cinco faixas de rolamento ficar. O importante é sair dos lerdos (a 70km/h) que estão a sua frente.

Naquele momento o trânsito está mais carregado em direção ao bairro, por causa do fim do expediente dos vários moradores da zona leste que passam a metade do dia trabalhando no centro ou nas outras regiões da capital. Já em direção ao centro o tráfego segue apenas intenso, mas com muitos carros na pista.

Diante daquela cena, “girofles” e sirene são ligados. Começa a perseguição pela Radial sentido Parque Dom Pedro. O carro do bandido acelera mais ainda, a viatura também. Por imperícia do perseguido, o veículo bate na lateral de um carro, depois em outro. Quatro quilômetros adiante, o criminoso não consegue controlar o Honda Fit e bate na traseira de um ônibus do Consórcio Plus, que saiu do Jardim São Paulo e tinha como destino o Terminal Parque Dom Pedro II. O air bag frontal do veículo é acionado em menos de 25 milésimos de um segundo depois da colisão, ou seja, cinco vezes mais rápido que um piscar de olho. O interior do veículo fica esfumaçado. A frente irreconhecível. Os policiais descem da viatura correndo e constatam que o criminoso está ferido no joelho direito e na cabeça.

Ele é socorrido e levado às pressas para o Pronto-Socorro do Tatuapé. Lá recebeu curativos e levado, desta vez, para o 8º DP do Brás / Belém, que fica na rua Sapucaia.

Eu estava indo para a seccional de São Bernardo do Campo para apurar a prisão de um possível líder do PCC (Primeiro Comando da Capital) na região do bairro D.E.R quando recebo a notícia que pegaram um cara no Belém pertencente à mesma facção. “Esse daqui está confirmado, tem até uma tatuagem.”, diz um repórter. Dou meia volta e o destino agora é o bairro da zona leste.

Fui um dos últimos a chegar ao DP. Ainda consegui gravar com o cabo Rogério Brentan que já estava saindo da delegacia.

Com a palavra, o cabo.

Cabo Rogério Brentan: “Depois que fomos verificar notamos que ele faz parte do PCC porque tem o número 15-3-3 tatuado no braço direito (cada número corresponde a uma letra: 15 (P); 3 (C); 3 (C) ). Ele confessou para nós que faz parte da facção. Ele foi colocado em liberdade no dia 05 de janeiro. No dia 26 de fevereiro ele praticou o roubo desse veículo de um estacionamento na Aclimação, na região central de São Paulo...

* No momento do roubo, na quinta-feira, 26/02, o bandido e mais um comparsa invadiram o estacionamento armados e renderam o vigia. O criminoso em questão ficou com a responsabilidade de não deixar o funcionário escapar. O outro foi direto ao Honda Fit preto placa DPX 7325. A dupla fugiu no carro. Na delegacia, o vigia reconheceu o bandido.

Vocês perceberam que até agora não citei o nome do assaltante, então lá vai...

Cabo Rogério Brentan: ... outra coisa que chamou a atenção é que ele estava com um alvará de soltura e nele há 16 nomes diferentes. A delegacia está com certa dificuldade para verificar quem na verdade é esse cidadão. Nós achamos também a cópia de um documento chileno. Ele disse que veio para o Brasil com cinco anos de idade. Se já tem 16 nomes diferentes, com certeza ele já foi preso 16 vezes.



Depois de algum tempo, o nome verdadeiro do bandido foi revelado: Douglas Martins dos Santos Filho é chileno coisa nenhuma. Ele nasceu em São Paulo no dia 16 de agosto de 1963 e provavelmente nunca foi para a terra de Augusto José Ramón Pinochet Ugarte e da professora Verônica Cortes. No documento apresentado por ele aos tiras constava o nome de Aroldo Pedro de Barros Vilaza. A única coisa que era verdade: a idade, 45 anos, e a participação dele no 15-3-3. Santos Filho tinha realmente várias passagens pela polícia por crimes como roubo, furto, receptação, porte ilegal de arma etc. Desta vez ele foi indiciado pelo menos por falsidade ideológica e novamente por roubo. E em relação àquele possível integrante do PCC em SBC, clique aqui.

Momento de descontração I


A foto acima foi tirada hoje (05/03) às 8h58 no banheiro masculino localizado sob a estação Corinthians-Itaquera do Metrô e da CPTM. Detalhe para a ilustração do “boneco”.

Em que situação nós chegamos.

terça-feira, 3 de março de 2009

O pulo do gato...miauuuuu!!!!!!

E hoje, no Pulo do Gato, a notícia foi essa: Dois gatunos são presos vendendo decodificadores furtados para o povo ter acesso livre a TV a cabo e internet banda larga. O caso era investigado há três meses pela NET.



Madrugada de terça-feira, 3 de março do ano presente, a seccional de São Bernardo do Campo, na Rua Anunciata Gobbi, está cheia de jornalistas de várias emissoras de rádio, TV, jornais impressos e internet. Todos estão lá porque o delegado Fabiano Fonseca Barbeiro entrou em contato com o repórter do DGABC dizendo que tinha prendido, através de investigação, dois malas que participavam de um esquema de fraude na distribuição de decodificadores da NET. Como na madrugada todo mundo é amigo, a notícia se espalhou e chegou até o Morumbi, Berrini, Bela Vista, Barra Funda, Limão e Osasco. Até então a cidade de São Paulo parecia uma Noruega. Madrugada tranquila, sem ocorrências e delegacias apenas com casos de briga de marido e mulher, que, como diz o ditado, a gente não ponha a colher.

Big Brother, Pay Per View, Cartoon Network, CNN, Tele Cine, pornô … Tudo isso por apenas R$ 800. Não de assinatura, mas uma única parcela por toda a vida. Internet de 10 mega também, mais barato ainda, R$ 450. Isso mesmo, o fulano ia à lojinha GR Eletrônica em Diadema ... “Quero TV paga sem pagar”, o mala encomendava e depois de um tempo “é só puxar um gato, ligar a televisão e assistir TV digital.” A grosso modo, era assim que funcionada o esquema de Gutierre Luiz Eleutério, 30 anos, e Reginaldo Silva Damascena, de 29.

Na delegacia, por volta das 3h00, o doutor - que por sinal dá de dez em muitos assessores de imprensa - já preparava os CDs com fotos, vídeos e áudios que foram gravados com uma câmera escondida no momento da prisão dos dois indiciados. Enquanto o material não ficava pronto, em nossas mãos já circulavam três folhas de papel sulfite com um texto explicando toda a ação da polícia e os depoimentos das partes.

Os fotógrafos e cinegrafistas preparados porque a qualquer momento os receptadores poderiam passar. O delegado, todo preocupado, sai da sala e diz: “Olha, já conversei com os dois bandidos. Vocês podem ficar por aqui porque já pedi para os policiais trazerem eles por esse corredor antes de irem para o segundo andar. Quando eu der o sinal...” 10 minutos depois os malas, sem camisas – quer dizer, com as camisas cobrindo os rostos - passam e é flash e luz para todo o lado. Minutos depois, o caminho de volta, mas agora para o camburão que tem como destino o 3º DP de São Bernardo do Campo até conseguirem uma vaga no CDP da cidade.



Com a palavra, o doutor:

Repórter R: Começou com a denúncia de um funcionário que presta serviço antifraude para a NET. Como funcionou isso aí?

Delegado Fabiano Fonseca Barbeiro: A empresa tem um setor antifraude que recebeu essa denúncia. Inicialmente fez o primeiro contato, para ver mesmo se procedia àquela informação. Percebendo que de fato era procedente nos procurou para dar início aos trabalhos da polícia judiciária visando à prisão dos responsáveis.

Repórter R: Alguma preocupação de vocês colherem as provas com câmera escondida?

Delegado Fabiano Fonseca Barbeiro: Na verdade é um dispositivo que temos e com certeza houve sim a preocupação de usar com o intuito de preservar a prova ao máximo da prática efetiva daquela conduta criminosa.

Repórter ABC: Como é que funcionava esse esquema?

Delegado Fabiano Fonseca Barbeiro: A princípio nós tivemos conhecimento do estabelecimento que vendia o decodificador, ou seja, seria a ponta da linha (loja do Gutierre). Nós começamos a investigar daí por diante, ou seja, qual a origem desses decodificadores? Aí nos chegamos definitivamente ao distribuidor aqui do ABCDM (Reginaldo).

Repórter ABC: Tem mais gente envolvida?

Delegado Fabiano Fonseca Barbeiro: Pelo que foi apurado nos interrogatórios, principalmente do distribuidor – o Reginaldo – com certeza tem, principalmente dentro das empresas terceirizadas.

(...)

Repórter R: Como Reginaldo conseguia esses aparelhos?

Delegado Fabiano Fonseca Barbeiro: O Reginaldo disse que conseguia de pessoas que trabalhavam dentro dessas empresas terceirizadas. Eles faziam o desvio desses aparelhos, seja do almoxarifado ou dos veículos que iam para a rua fazer as instalações nas residências. Ele próprio trabalhou dentro de uma empresa que presta serviço para essa empresa de TV a cabo (NET).

Repórter BR: Alguma lista de pessoas que compraram esses aparelhos?

Delegado Fabiano Fonseca Barbeiro: Com o Reginaldo, dentre vários objetos que apreendemos, havia uma lista com nomes e endereços de algumas empresas de conserto de TV e som, onde normalmente esses aparelhos são comercializados. Faremos um trabalho para buscar mais responsáveis por esse crime que tem uma proporção muito grande.

Repórter BR: Todas as empresas no ABCDM?

Delegado Fabiano Fonseca Barbeiro: Sim.

Repórter R: E para quem comprou esses aparelhos para colocar em casa?

Delegado Fabiano Fonseca Barbeiro: Essas pessoas também estão cometendo o crime de receptação, mas não pela sua modalidade qualificada. O crime simples mesmo, cuja pena prevista de reclusão é de 1 a 4 anos. Elas também vão ser investigadas e detidas em flagrante.

Encerra a coletiva.

As prisões ocorrem todas na última segunda-feira. Um possível comprador entrou em contato com Gutierre com o consentimento da polícia. Eles fecharam o valor e no momento da entrega os policiais deram o flagrante. O já preso levou os tiras à casa de Reginaldo. Lá foram apreendidos mais de 200 decodificadores prontos para a venda, cartões com código de liberação de sinal clonados e um computador que criava a senha dos cartões.

Fazendo uma conta simples: a adesão de qualquer plano da NET custa R$249. Multiplique isso por 200 = R$49.800. Ou seja, apenas com o furto dos aparelhos a operadora perdeu quase R$50 mil. Contando a assinatura mensal, sendo que o pacote completo custa R$194 por mês... xi, vai grana, e isso sem contar os modens. Os dois foram indiciados em flagrante por receptação qualificada e Reginaldo ainda cumprirá pena por estelionato. Os gatos caíram - e feio - do telhado, como o Tom, amigo do Jerry...lembra? Não? Passa todos os dias na Cartoon Network.

segunda-feira, 2 de março de 2009

“Bandido” morre em troca de tiros com a Rota

Policiais das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar conseguem matar um “criminoso” que resistiu à prisão. Na troca de tiros, o desconhecido foi baleado quatro vezes.



Bem, vocês já devem ter lido o livro Rota 66 do jornalista Caco Barcellos. A publicação descreve a morte de jovens da classe média alta paulistana durante uma perseguição policial pelas ruas do Jardim Paulista, na zona sul de São Paulo. Os garotos são mortos covardemente por policiais que fazem patrulhamento com Veraneios cinza. Quando os motores desses carros roncavam, todos temiam.

Na noite de ontem (02/03), mais especificamente às 20h10, dois homens andavam pelas ruas escuras e arborizadas do Parque do Morumbi, bairro nobre da zona sul. Uma noite quente, com temperatura na casa dos 25 graus. Um deles estava com uma mochila preta. Quando passam na Rua Catarina Retimberg Gottisfritz cruzam com uma Blazer cinza com as luzes apagadas e com a sigla Rota na lataria. “Ei, para aí”. Parar que nada. Segundo informações da polícia, já que não havia testemunha na rua naquele horário (?), o homem que estava com a mochila virou e começou a disparar contra os policiais, antes mesmo deles saírem da viatura. Os quatro agentes da Rota revidaram e conseguiram acertar quatro tiros no suspeito, sendo dois deles no abdome.

Nenhum policial ferido. O outro suspeito conseguiu fugir. Provavelmente sem ferimentos, porque não deu entrada em nenhum hospital da região até as 13h14, horário que escrevo este texto.

O suspeito, ferido, foi levado para o Pronto Socorro Campo Limpo. A viatura 91... chegou ao hospital 19 minutos depois dos fatos, às 20h29, segundo registro médico. No boletim de ocorrência há a afirmação que o homem deu entrada com vida na emergência e nem cita que o indigente morreu, mas o boletim médico informa claramente que o homem já estava morto quando chegou ao PS Campo Limpo.

Para pegar essas poucas informações foi uma grande dificuldade: base da Rota na Favela do Paraisópolis, 89º DP Portal do Morumbi - delegado com uma educação questionável, mas depois maleável – Copom, novamente base da Rota na Favela do Paraisópolis, Hospital Campo Limpo.

Apreensões: não sei como, mas o material apreendido aumentou de tal forma com o passar das horas que fiquei admirado, mesmo tendo tão pouco tempo de rua. Começou com duas pistolas calibre 380 e um “pouquinho” de maconha – isso às 4h00. Já às 5h00 os dados mudaram; agora a polícia tinha levado para o 89º DP Portal do Morumbi um carregador de pistola, uma pistola calibre 380 e 1.288 quilos de maconha. Tudo errado! Às 13h00: mochila, carteira, 27 trouxinhas de maconha, três tijolos de maconha, uma pistolas calibre 380, três revólveres calibre 38.

Vale lembrar que a ocorrência foi às 20h10 de ontem e o BO fechado no início da madrugada. Como o comando da Rota (que apresentou a ocorrência), o Copom (que registra o BO PM) e a delegacia (que fecha o boletim) não entraram em comum acordo sobre o que foi realmente apreendido? Como um corpo dá entrada no hospital e nem entra no BO? Xiii, tem caroço nesse angu?

No Rota 66 houve uma enorme mobilização da imprensa para descobrir quem realmente foram às vítimas da história... Todos os setores da sociedade chocados com o caso... Mas agora... alguém se prontifica para saber se a história do BO é verdadeira?

Caso for totalmente verdade, meus parabéns para a Rota por tirar mais um bandido da rua. Caso contrário...

domingo, 1 de março de 2009

O dia em que quase virei notícia

Fui ver um acidente de trânsito e quase aumentei a estatística.



Durante toda a noite da terça-feira, 24 de fevereiro de 2009, choveu na Grande São Paulo. Como de costume, muitos pontos de alagamento, congestionamento e tudo que os moradores da capital paulista já estão acostumados durante o verão.

Naquela tarde, a Mocidade Alegre havia sido campeã do grupo especial do carnaval paulista. Muita movimentação policial na porta da agremiação, na região do Limão, para conter pessoas que estavam acima do nível alcoólico permitido para o corpo. Como de costume, as coisa na porta da Mocidade acabaram em confronto com os PMs, que tiveram que usar gás de pimenta contra a multidão. Mas esse caso fechei apenas em texto e não precisei ir.

Na madrugada de quarta-feira, as ruas da capital ainda estavam com água. Como não gosto de dirigir com a pista molhada, estava com uma vontade enorme de conseguir fechar os casos por telefone, sem nenhum perigo.

Naquela noite estava atarefado porque tinha que fazer uma edição sobre o primeiro discurso do Obama no Congresso. “Nossa economia está debilitada e nossa confiança, abalada (...) Vivemos tempos difíceis e inseguros, mas, nesta noite, quero que todos os americanos saibam o seguinte: vamos nos reconstruir, vamos nos restabelecer. Os Estados Unidos sairão mais fortalecidos (...) blá, blá, blá, aplausos. Obama discursa com tom imponente diante do Congresso.

Sabendo ou não quem é Obama, o garoto R.P., de 13 anos, está querendo mesmo é dar um “role” de carro pelas ruas do centro de São Paulo, mas ele não tem carro e deverá esperar pelo menos mais cinco anos para tentar tirar a primeira habilitação. Menor + carro + chuva = a muita confusão, como diria o homem que narra as chamadas da “Sessão da Tarde”. E ele acertou.

“Tem um moleque de 13 anos lá no 12º DP (Pari) que foi pego dirigindo um carro roubado”, contou por telefone o rádio-escuta que trabalha durante a madrugada. E lá vamos nós. Na hora pensei que era o famoso, precoce e grande F., de 1,40 metro de altura, que já foi levado para a delegacia 10 vezes principalmente por furtar carros e tem uma ficha criminal maior que ele próprio. Mas não, desta vez era outro.

Segundo a polícia, R.P., que tem 1,50 de altura, foi detido por agentes da Guarda Civil Metropolitana depois de bater um Elba preto (o da foto) num poste na esquina das ruas Araguaia e Pascoal Ranieri.

O escrivão do 12º DP disse que o menino simplesmente viu o carro parado com uma micha no contato, entrou, ligou o carro, engatou a primeira marcha e acelerou. Alguns metros depois, tentou desviar de um caminhão, perdeu o controle do carro e bateu de frente em um poste. O adolescente ainda conseguiu desviar de um deles, com uma placa de C-E-T, mas não conseguiu sair da rota que levou a outro, que sustenta os fios de energia elétrica. Ferido ele ainda tentou fugir dos GCMs que viram o acidente, mas foi pego. Resultado: Um galo na cabeça, ferimentos no joelho e três pontos no queixo.

Mas antes de chegar ao DP, passei um dos meus maiores apuros. Saí do estacionamento que fica na rua Doutor Bruno José Pestana, entrei na contramão para acessar mais rápido a Avenida Morumbi. A partir daí Oscar Americano, Tajurás, ponte e avenida Cidade Jardim, túnel Max Feffer, Nove de Julho, túnel Anhangabaú, Prestes Maia, Tiradentes, Santos Dumont e Marginal do Tietê. “Quase chegando. Quase”.

A 70km/h, pronto para acessar a saída para o bairro do Pari, o inesperado. “Caramba, a entrada já é aqui”. Viro à direita, piso “levemente” no freio, mas o Gol responde mais agressivamente possível. Apenas ouço o barulho da roda derrapando, viro para direita, esquerda e o carro segue rumo a dois postes - um que sustenta os fios de energia elétrica e outro uma placa da C-E-T. O Gol 1,6 parece um cavalo bravo. Em um breve instante, tiro o pé do freio, mas já é tarde. Subo “numa velocidade” no canteiro da alça, o pára-choque bate na guia, e segue sem parar. Não sei como, mas por um breve instante consegui desviar e passar entre os dois pontes, em um vão de no máximo 2,50 metros. Saio do carro em baixo de chuva imaginando o estrago no pára-choque devido ao forte estrondo que ouvi quando nós fomos para a calçada. Mas nada. Absolutamente nada. Isso tudo num intervalo de quase 4 segundos.

Com 21 anos, 1,68 de altura e mais de dois anos de carteira, quase fiquei ferido como o adolescente de 13 anos, mas esses dois anos fizeram a diferença na hora do aperto.
Os pais de R.P. pegaram o garoto na delegacia e ficaram responsáveis em apresentá-lo na Vara da Infância e da Juventude. Como R.P. não foi pego em crime envolvendo "risco à vida de pessoa", como assalto à mão armada, ele não foi para a Fundação Casa, a antiga Febem. Nesse caso, acredito que o carro é considerado uma arma perigosa, mas na cabeça dos homens da lei, não.
Ah, espero nunca virar notícia.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Quatro presos por matar investigador

E como era de se esperar, em pouco mais de um dia e meio o setor de investigação da polícia civil do estado de São Paulo consegue localizar os quatro jovens envolvidos diretamente na morte de Agenor Donizete Ferreira, de 42 anos.



25 de fevereiro de 2008, 22h55, neste momento o ônibus em que estou está a menos de 60km/h na Avenida Luiz Inácio de Anhaia Melo, na Vila Prudente, na zona leste de São Paulo. Provavelmente estou dando um cochilo e ouvindo meu MP3 player comprado na Santa Ifigênia. No mesmo instante, mas extremo norte da capital, mais precisamente na rua Josino Vieira de Gois, no Tremembé, quatro homens entram em uma lan house como clientes. Um deles, com moleton e com um chapéu modelo “Carlitos Tevez”, senta na segunda cadeira do lado esquerdo da porta. Os outros vêm logo atrás. Também como não querem nada, mas na cabeça deles já está tudo esquematizado. “Entramos, roubamos os computadores, celulares e fugimos em uma Kombi que vai ficar estacionada bem próxima ao local do roubo”. Poucos minutos depois de se acomodarem anunciam o assalto. Eles começam a fazer um arrastão entre os poucos clientes (cerca de 6) e já desligam os computadores para levá-los. Estava tudo dando certo, como planejado.

A dona do estabelecimento não está no momento do assalto, mas o filho dela sim: um investigador da polícia civil encarregado do Grupo de Motos do Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado (DEIC), separado e pai de dois filhos. Ele vê que um dos bandidos está com um calibre 38 e tenta desarmá-lo. As câmeras do circuito de segurança não registram o momento do disparo, mas segundo uma testemunha, o bandido simplesmente colocou o revólver na cabeça do policial e atirou. Agora os assassinos saem correndo apenas com os pertences dos clientes. O investigador Ferreira ainda foi socorrido e levado ao Hospital Municipal São Luiz Gonzaga, mas não resistiu aos ferimentos.

Já na redação vejo no nosso sistema de notícias a informação que um homem, até então sem profissão divulgada, morreu dentro de uma lan house na zona norte. Por volta da 0h30 peguei a viatura modelo Gol e saí em direção ao bairro do Tremembé. Depois de uma hora cheguei ao 73º distrito policial do Jaçanã, localizado na Avenida Paulo Lincoln do Valle Pontin. Logo de cara noto que a coisa é grande, penso: “Por que tantos policiais do Garra"? Pelas minhas contas, apenas no DP estavam 20 policiais. Cerca de 6 viaturas caracterizadas e mais 4 descaracterizadas que chegaram depois. Na delegacia “informação apenas com a autoridade policial”. E cadê o doutor, pergunto: “Na rua, no caso do policial. É esse, né?”. Está aí a resposta. Quando alguma coisa acontece a um policial, parece que todos os tiras de São Paulo são mobilizados para “achar os caras que mataram nosso amigo”.

Saio do DP e vou ao local do crime. Antes de chegar, passo perto do Cemitério do Tremembé (que teve uma função importante nas investigações). No local dos fatos, apenas dois PMs preservando o local e mais de 15 policiais do Garra (+ os que estão na delegacia = 35). Peço para olhar o local do crime: “Garoto, fica só na porta. Não entra!”, disse um dos PMs. Há um rastro de sangue que começa no fundo da lan house e termina já no lado de fora. Todo cuidado para não pisar naquele risco vermelho. Converso com o delegado do Garra, que passa tudo que aconteceu, mas não grava. Ele deixa claro que logo os bandidos estariam na cadeia. Volto para o carro, ligo para o estúdio e dou o caso no ar.

No outro dia, por volta da 0h00, recebo a ligação de um repórter do ABC dizendo que prenderam um rapaz acusado de estupro. Fui passar a informação para outros colegas. O primeiro que ligo, no caso um repórter fotográfico, dá a notícia: “Cara, estamos indo para Guarulhos porque parece que prenderam três caras que mataram o investigador”. Antes de chegar na redação, passo no estacionamento e já pego a viatura 481. O DEIC já havia divulgado as imagens do circuito de segurança e, com isso, conseguiram localizar “os malas”. Dei uma olhada nas fotos, enviadas por e-mail, e saí.

Depois de quase três horas de chá de cadeira – mas muito bem tratados – nós da imprensa fomos atendidos pelo delegado Douglas Dias Torres. Os policiais civis, todos orgulhosos, mostram o 38 apreendido com “cinco” balas intactas e uma deflagrada. A arma foi localizada dentro do Cemitério do Tremembém, poucas quadradas do local dos fatos. Ela teria sido jogada pelo muro por um dos criminosos, no caso o menor. A polícia ainda informou que as roupas que os rapazes usaram no momento do crime também foram apreendidas. Elas não foram divulgadas para a imprensa que estava na delegacia. Os maiores, um deles com o rosto inchado e com um pouco de sangue, são levados para a sala do doutor para serem fotografados, filmados e interrogados pelos repórteres.

Depois, o delegado Douglas Dias Torres grava com os jornalistas:

Repórter B: “Como a polícia conseguiu chegar a esses homens”?

Delegado Douglas Dias Torres: “A partir do crime, nós obtivemos algumas informações que davam conta que esses autores eram da região. A partir daí foram feitas algumas diligências. Os policiais conseguiram localizar um deles como um dos autores. E a partir dalí foi dada uma sequência que desencadeou na prisão dos três.

Repórter G: “Mas essa investigação foi graças às imagens do sistema de segurança que localizou os bandidos”?

Delegado Douglas Dias Torres: “Com certeza. Foi um fator importante que auxiliou muito o trabalho investigativo.

(...)

Repórter B: “ O senhor solicitou exame residuográfico”? (teste realizado para localizar possíveis vestígios de pólvora nas mãos da pessoa que disparou uma arma de fogo)

Delegado Douglas Dias Torres: “Não”.

Encerra a coletiva.

Em miúdos: os tiras conseguiram localizar a residência de Bruno Thiago Gabriel da Silva, de 18 anos, por meio de “investigação e denúncia anônima”. Ele foi preso e “dedurou” o paradeiro de Fernando Henrique Matayaosi Lopo, de 21 anos (Fernando foi localizado apenas na tarde do dia 27/11). Como a prisão do rapaz não ocorreu naquele momento, os homens do Garra foram na casa do adolescente A.O.V, de 17 anos. Dessa vez foi A.O.V. que disse o paradeiro da próxima vítima dos policiais: Igor Pereira Martins, de 21 anos. A mãe do jovem também foi para a delegacia por desacato à autoridade, mas responderá em liberdade.

Todos moram no Jardim Palmira, bairro da periferia de Guarulhos, que fica às margens do Km 82 da rodovia Fernão Dias.

Mas afinal, quem atirou contra o investigador? Todos jogaram a culpa no menor, pois sabem que a pena para menores de 18 anos aqui no Brasil é branda. E será difícil descobrir, porque não será feito o residuográfico. Uma testemunha - no caso uma mulher - viu o momento do único disparo. O depoimento dela não foi divulgado. Procurada, não comentou o caso com a imprensa.

Bruno Thiago Gabriel da Silva (18), Fernando Henrique Matayaosi Lopo (21) e Igor Pereira Martins (21) foram indiciados por roubo, homicídio, formação de quadrilha e corrupção de menores. Já A.O.V (17) foi levado para uma unidade da Fundação Casa, a antiga Febem, e logo estará na rua. O indivíduo que dirigia a Kombi, que era o encarregado de levar os computadores caso o assalto fosse “bem sucedido”, ainda não foi localizado. Mas as buscas continuam.
Mas será que as buscas continuariam caso a vítima fosse algum morador comum do Jardim Palmira?

Saudação

Olá,
Esse é o primeiro post do Câmera Mecânica. Daqui pra frente você será informado de tudo quanto é coisa que acontecer.
Boa leitura.