quarta-feira, 19 de maio de 2010

5 por 1

Madrugada como a de hoje é 1 em 365 (ok, 366 em ano bissexto). Fechamos cinco casos, isso mesmo, cinco casos policiais fortes, que renderam repercussão.

Tudo começou com a prisão de um bandido que invadiu a residência de um casal de idosos, na Mooca, zona leste de São Paulo, e o agrediu. Dois conseguiram escapar.

O crime foi por volta das 20hs do dia anterior. Eu chego na delegacia do Belém/Brás à 1h. Com o gravador com as pilhas “arriando”, faço um falso ao vivo com o delegado (coisa rara delegado gravar durante a madrugada) e coloco no ar. Ufa. Um pronto.

Durante a entrevista o escuta liga e diz que tem uma nova ocorrência, um pouco longe, no primeiro distrito policial de Santo André. Um homem procurado, suspeito de matar um executivo no começo do ano, é detido dirigindo um Passat velho. Quando chego por lá, por volta das 2hs, toda a imprensa já está a postos. Devagarzinho, devagarzinho, no meio daquela “muvuca” de policiais militares consigo encontrar o soldado que estava na ocorrência. Gravei via celular, porque neste momento as pilhas do meu gravador já morreram, e o segundo caso está fechado.

(Logo depois, ocorre a coletiva com esse policial, mas como já havia fechado minha entrevista, participei como cinegrafista, isso mesmo, um repórter de rádio com uma filmadora na mão, mas com um bom propósito: ajudar um de nossos colegas que está fazendo freela).

Conversas sobre maquiagem para lá, conversas de como pentear o cabelo para lá (sim, os repórteres de TV conhecem bem o assunto) surge uma nova pauta: quadrilha invade o Carrefour da Vila Jacuí e fazem 10 funcionários reféns. Questionamentos: “Meu, onde fica mesmo o 63º DP”? “Zona leste.” “Putz, longe... mas o caso é bom”. “Vamos”.

Quando saía da delegacia de Santo André em direção à ZL, o escuta – graças a Deus – consegue o número do celular do tenente da PM responsável pelo caso. “Vamos entrar ao vivo na RB, tenente?” “Claro”. Ou seja, entrevista ao vivo por telefone e terceiro caso solucionado.

Mas quem disse que a madrugada acabou? Pois bem, volto à redação e vejo o escuta da TV um pouco nervoso, um pouco chateado. “Cara, roubaram a nossa equipe da madrugada na porta do Carrefour. O “mala” levou a câmera (+/- 250 mil reais) e alguma coisa do repórter e do cinegrafista”. O quarto caso está aí. Ainda bem, nenhum dos dois amigos não ficaram feridos.

E o quinto? Bem, esse fechei pela redação mesmo. Um menino de nove anos foi vítima de uma bala perdida durante troca de tiros entre “menores infratores” e policiais militares na região do Tremembé, zona norte. Não rendeu sonora, mas uma fonte na PM passou o caso e aí sim, acabou por hoje.

Acabaram as matérias, mas tive que entrar ao vivo no Datena às 10h20min e ficar na redação até as 13hs por causa da reunião da Copa do Mundo.

Isso é mais um dia na vida de um repórter... mas o repórter que falar que não gosta dessa correria, não é repórter de verdade.

Um comentário:

  1. Gostei, principalmente da última frase. Nós, jornalista, somos mal remunerados e meio que desprezados, mas não trocaria isso por nada.

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